quinta-feira, 24 de março de 2011

Segredos de um funeral


Esse filme é um daqueles que poderíamos dizer que seria ótimo se não se contaminasse pela lógica americana de finalizar com uma moral ou pedidos de perdão.
O filme trata sobre um homem que vive enclausurado por 40 anos em sua culpa . Nesse período, ele passa a ser alvo de inúmeras estórias, sendo considerado por muitos um verdadeiro “urtigão”. Um certo dia, ele propõe uma festa para o seu funeral em vida e propõe aos habitantes que contem estórias sobre ele.
Essa é a grande sacada do roteirista, porém ao invés de dar voz aos habitantes da cidade , o filme se perde no melodrama. Os pontos positivos são as atuações e a fotografia. Há uma tentativa de se discutir sobre o que há além da morte, mas fica muito vago e impreciso. Recomendo o filme para se pensar no que despertamos no outro. É um filme razoável que poderia ter sido grande.

sábado, 12 de março de 2011

Filme Socialismo



O Filme Socialismo de Jean-Luc Godard, desde o seu título, já nos coloca em um campo de inúmeras significações. É incontestável a sua homenagem ao Cinema e ao cinema soviético. Vemos não só cenas incluídas de Dziga Vertov e Einsentein, mas também alusões a objetos que estão presentes em alguns de seus filmes, como por exemplo, o navio. E é nesse objeto, que somos convidados a participar de sua fragmentada narrativa fílmica. Se em Vertov e Eisentein o navio era dos trabalhadores, em Godard, as pessoas já mudaram de classe, são os consumidores do entretenimento. Não tão luxuosos como La Nave Va de Fellini, mas sem dúvida, não menos rico em indagações.
A viagem que Godard nos proporciona é repleta de questionamentos: existenciais, históricos e culturais. O além mar é uma redescoberta do lugar em que estamos em um mundo globalizado. Passeamos pelas conquistas históricas. Cidades como Atenas, Nápoles, Barcelona, Palestina e Odessa são lugares representativos de novas civilizações, de guerras, enfim, de transformações. Godard nos coloca imagens poderosas que nos fazem pensar sobre o nosso processo civilizatório, ao mesmo tempo, contrapõe com outras que nos faz repensar a condição de indivíduo: onde estamos em nossa família? A enorme quantidade de imagens familiares nos coloca em outro lugar, em que Édipo está vivo e o sujeito continua ainda por vir.
Outra viagem desencadeada é sobre o fazer Cinema, onde há um claro questionamento sobre a produção de sentido com uma citação de Roman Jokbson que discute a significação entre o som e palavra. A sequência frenética de imagens que Godard nos apresenta a seguir, parece ser um instante de reflexão sobre o que se tem sentido e o que se produz sentido no Cinema. Pensar o fazer Cinema é falar sobre a origem e da função social que o Cinema pode exercer para denunciar a realidade.
Em síntese, Filme Socialismo é um bom dispositivo para repensar o homem e suas humanidades. Percebemos que a história da Humanidade se reflete no hoje em que a idéia de globalização tenta unificar “culturas” e contrário do que se quer o Capitalismo, vê-se que cada lugar tem o seu próprio jeito, as suas idiossincrasias, a sua cultura. Pensar o socialismo é na verdade, repensar o capitalismo. Enfim, o filme de Godard é para quem quer pensar a vida como ela é e “as Coisas como São”.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Cinematerapia

Cinematerapia


"O cinema tirou de mim a tristeza da impossibilidade; me deu a possibilidade de ser."
(Ana Carolina).
Esta frase da diretora brasileira foi extremamente inspiradora na minha visão de terapeuta, que comunga Cinema e Terapia. O Cinema nos possibilita enxergarmos a nós mesmos de muitas maneiras: como criança, adulto, feio, bonito, errado e certo... Através dele vamos conhecendo mundos inimagináveis e percorrer as suas trilhas nos produz um caminhar confiante, em busca do que realmente acreditamos, queremos lutar e conquistar.
O encontro inequívoco das imagens, sons, palavras, temas, movimentos nos remetem a recantos inconscientes que às vezes são impossíveis de adentrar somente pela linguagem falada. Esse meio que nos emociona, despertando os sentimentos, dos mais belos aos mais atrozes, coloca-nos no mundo como indivíduos únicos e responsáveis em dar sentido à própria vida. Ao mesmo tempo, o trabalho em grupo remete-nos ao coletivo: “nós”, participantes e co-autores de uma rede.
Quem busca esse trabalho irá ao encontro de mais um meio de repensar a sua realidade. A Cinematerapia estimula a reflexão, o autoconhecimento, a motivação, facilitando o crescimento pessoal; além disso, possibilita ao indivíduo vivenciar momentos agradáveis com outras pessoas , ao assistir e compartilhar suas visões sobre os filmes.