domingo, 3 de outubro de 2010

AS VIÚVAS DAS QUINTAS-FEIRAS

O que pensar de um filme que já por seu título enuncia a viuvez? Aparentemente será um daqueles assassinatos em massa aos quais já estamos acostumados? Ou um tratado sobre as perdas? Ou...ou... Nada disso, o que há nesse filme é o que não esperamos de seu roteiro. Como em um quebra-cabeça, vamos seguindo as peças traçadas por Marcelo Piñeyro, para acompanhar a trama. E o que vemos no final da trama? Claro que não vou contar, mas posso garantir que o diretor nos coloca diante de um impasse entre o Ser e o Ter.
Ambientada em plena crise argentina, a trama nos revela o dia a dia de famílias ricas que vivem em um condomínio. Ao desvelar o cotidiano de cada um, vamos conhecendo o que aconteceu na Argentina na última crise. Bancarrota total. A relação de ganhar e perder, do que é essencial, da aparência e da essência, assim como crítica ácida ao capitalismo da contemporaneidade está presente. Visto de ângulos conflituosos, mas sem a atmosfera de dor dilacerante, o filme nos faz pensar em como ficamos engessados a uma estrutura econômica e que por várias razões, essa forma sobrepõe ao viver feliz. Mais do que uma fórmula moralizante de ir em direção à felicidade, o filme nos estampa as perguntas. Ir ler novamente Marx, pode ser um caminho para encontrar alguma resposta.